sábado, 13 de novembro de 2010

Perspectivas para economia brasileira

Pedaço da prova de Economia Brasileira sobre as perspectivas da economia brasileira.

[C]omo notam Stiglitz, Cimoli, Nelson e Dosi, os países frequentemente se deparam com trade-offs entre eficiência alocativa, inovativa e crescimento, de modo que o maior desafio a um país com imensos potenciais e relativamente distante da fronteira tecnológica deve ser saber equacionar esses três fatores, com justiça social (que implica estabilidade macroeconômica), na busca do seu desenvolvimento de longo prazo. De fato, os analistas estudados se dividem com relação às prioridades.

Carneiro, Coutinho e Barbosa consideram que o país deve acelerar o desenvolvimento dos setores intensivos em tecnologia, até mesmo para manter o superávit em conta corrente. O maior crescimento relativo dos emergentes implica no surgimento e crescimento de novos mercados, que permite o estabelecimento de novas relações comerciais e, assim, de novas oportunidades de comércio e de investimento.
Contudo, o crescimento da China deve ser visto com reservada cautela, uma vez que o baixo preço dos produtos chineses e a alta demanda de matérias-primas no mercado mundial, podem ter múltiplos efeitos indesejados. A ameaça de desindustrialização, tornando o Brasil um exportador de commodities e importador de bens manufaturados é uma realidade que pode se confirmar num futuro próximo se as tendências verificadas persistirem. Do mesmo modo, as novas descobertas de petróleo, as grandes jazidas minerais e a grande quantidade de terras férteis podem resultar na “maldição dos recursos naturais”, se o país se concentrar apenas naquelas mercadorias ou atividades em que atualmente possui vantagens comparativas. Ou seja, o simples crescimento do produto no curto prazo puxado pela exportação de bens primários pode penalizar severamente a inovação, de modo que a ponderação adequada de crescimento e inovação se faz necessária. Do mesmo modo, autores como Franco e Giambiagi ressaltam a importância de se manter políticas de estabilização, que trouxeram inegáveis benefícios ao conjunto da sociedade. Contudo, as políticas ortodoxas em parte tolhem os investimentos em inovação – dado o trade-off entre estabilização e inovação, recolando escolhas que devem ser resolvidas tanto na esfera econômica quanto na política. Em última análise, não existem soluções prontas especialmente para a questão sempre presente das fontes de financiamento para o crescimento. Os trade-offs citados impõem aos agentes, tanto públicos quanto privados, determinar quem e como se pagará para resolvê-los, a fim de moldar o Brasil das próximas décadas. Questão que somente será resolvida nos casos particulares, onde conta mais a prudência do policy maker do que a sabedoria do cientista.

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