quinta-feira, 30 de abril de 2009

O mapa da ciência

Agora sim, eis o mapa da ciência completo:

Suínos soviéticos sorridentes e porcos capitalistas

Eu não sei de onde o Marton do NotTupy tira os seus pôsteres soviéticos, tampouco como ele sabe o quê está escrito neles.

Tradução: "E eles nos chamam de porcos..."

Já o Kikomachado do Tomando na Cuia explicando por que os porcos riem:
" Deve ter algum porco capitalista faturando milhões de dólares com a venda de máscaras para a população da cidade do méxico na tal gripe suína que a grande mída não pára de anunciar. Enquanto isso a Febre Amarela chega com tudo na Capital guapa (ahahahhaha). No méxico, a cidade satélite da qual se originou a doença da gripe suína é uma vergonha mundial no que diz respeito à saúde e ao saneamento..."

Lógica informal: ensino e debate público

A discussão abaixo também oriunda do Dadaseyn é a continuação do debate sobre lógica informal:

Com respeito à discussão original - a lógica informal - gostaria de insistir em dois pontos que creio serem fundamentais e constituem-se como tarefas extra-muros da atividade filosófica, que, muito embora no Brasil seja uma atividade quase que estritamente acadêmica, encontra importantes aplicações práticas no debate público.

O primeiro é que, dado o estado-das-artes de nossa cultura pública e cívica, o ensino de conceitos fundamentais para a construção e análise de argumentos tem não apenas aspectos lógicos e epistemológicos, como também um aspecto moral interessantíssimo. Quem quiser um bom exemplo desse aspecto, vale a pena dar uma olhada na análise já referida em post anterior que o César fez de artigo e de editorial do pasquim local. Como já referi outras vezes, a principal denúncia moral de Sócrates contra os Sofistas era, justamente, que sofismavam, ou seja, faziam mau uso das técnicas argumentativas e persuasivas para obterem vantagem pessoal e ludibriarem os incautos. Qualquer semelhança com o uso da palavra que nossos políticos e veículos de comunicação, a grande mídia, fazem atualmente - sofismando loucamente - não é mera coincidência. Nesse sentido, tenho insistido sobre a importância da lógica informal como ferramenta para qualificação, não apenas do discurso científico, como, sobretudo, do discurso corrente no debate público. Como bem notou o César em uma de nossas conversas referindo-se ao Ética Prática de Peter Singer, a exigência da coerência é a primeira das exigências morais. Sem ela não é possível alcançar a verdade, seja ela qual for.

O Eros trouxe uma grata novidade, pelo menos para mim, ao enviar o artigo do Walton sobre o Araucaria. Tenho usado o seu Lógica Informal como livro texto para minhas aulas de lógica por, justamente, permitir uma análise frutífera dos principais contextos argumentativos e das exigências lógicas presentes em cada um deles, que permite distinguir de maneira não técnica bons e maus argumentos. Por exemplo, em contextos de discurso que envolvem o debate forense (cada parte tenta convencer o juri, de modo a obter uma vitória verbal) ou a barganha (cada parte tenta obter o maior ganho possível), o uso de alguns argumentos falaciosos é tolerado. Adicionalmente, como nota Walton, ser um argumento formalmente válido não o impede de ser falacioso. Vejam essa citação do Lógica Informal tirado do valoroso portal de filosofia em língua portuguesa Crítica na Rede:

Algumas falácias são argumentos formalmente válidos, como é o caso da petição de princípio e do falso dilema: «Ou está muito frio ou está muito calor; não está muito frio; logo, está muito calor». tem uma forma válida mas é falacioso porque a primeira premissa não esgota todas as possibilidades: é falsa. Assim, apesar de ser habitual definir falácia como um argumento inválido que parece válido, a definição correcta é «um argumento mau que parece bom» — sendo que um argumento pode ser mau por outros motivos além da invalidade (nomeadamente, por não ser sólido, como é o caso do falso dilema). p.460.

Finalmente, o segundo ponto, diz respeito ao ensino de filosofia em geral e da lógica informal em particular para alunos que não serão futuros filósofos, mas advogados, jornalistas, economistas etc, os "formadores de opinião". O ensino da lógica informal constitui um imenso, significativo e inexplorado filão, que desperta o interesse e atenção de um grande número de profissões que trabalham com a palavra escrita e não encontram nos bancos escolares - em nenhum nível - um estudo introdutório sobre o uso correto de técnicas argumentativas e, especialmente, as exigências da coerência na argumentação. Muito embora seja verdade que as aulas de português, em seus níveis mais avançados tratem desses assuntos, a tarefa de destrinchar argumentos e analisar suas condições de validade é uma tarefa própria e inescapavelmente filosófica (Uma boa dica de um livro de português que toca nessas questões é o Comunicação em Prosa Moderna do Othon Garcia).

Mapas conceituais

Sem muito tempo para postar textos originais, mando abaixo mail que enviei ao Dadaseyn sobre o uso de softwares que criam mapas conceituais.

(...) O ponto de partida desses softwares como o C-map, o Free-Mind e o Araucaria é o mesmo. Qual seja, representar graficamente o modo de funcionamento do cérebro, o que gera importantes conhecimentos para a área da inteligência artificial. Já fazem alguns anos, eu uso o Free-Mind para organizar esquemas que envolvem somente conceitos e o C-map para organizar esquemas que envolvem proposições. Cada um tem sua utilidade, dependendo do caso. Do ponto de vista da pesquisa científica, o C-map é uma ferramenta mais completa, existindo interessantes discussões em seu fórum sobre o uso pedagógico dessa ferramenta, que envolve uma vasta rede de universidades ao redor do mundo. O mapa abaixo é uma loucura - , pretende ser uma representação gráfica do avanço da ciência, em todas as áreas do conhecimento. Não consegui copiar a legenda, mas o branco é ciências humanas, o laranja é especialidades médicas, o roxo é matemática e física etc.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Te defendo ao te acusar

Notícia que achei curiosa do Escolhas e Conseqüências sobre os erros básicos que não espantam ninguém:

Muito curiosa esta notícia. Escritório de advogado de empresa estatal é recordista de ações trabalhistas contra... a própria empresa estatal. Juíz trabalhista não constatou nenhum vínculo entre advogados da estatal e os do escritório de forma a influenciar a "tramitação dos feitos", embora seja reconhecido pelo escritório que "os valores discutidos em muitos processos trabalhistas alcançaram valores elevados". Não custa mencionar que isto tem implicações significativas nos honorários advocatícios. O magistrado trabalhista ainda salientou que "todas as defesas da CEEE deixavam a desejar, ainda que ressalvasse que "não saber informar se a deficiência de defesa da empresa estatal ocorria em processos patrocinados somente por alguns advogados".

A única coisa certa, no entanto, é que o jornalista que investigou o caso foi condenado numa ação reparatória por dano moral movida pelo referido escritório.

terça-feira, 14 de abril de 2009

A impressionante estabilidade política

Certamente o RS, se não é o estado mais politizado do Brasil, é um dos lugares politicamente mais estáveis do mundo. Depois de fartas denúncias de corrupção, vídeos de pilhagem do butim público mantidos em "segredo de justiça", pessoas suicidadas, mais escândalos de corrupção e desmandos de toda espécie, nossos governantes podem aproveitar tranquilamente o feriadão de Páscoa no exterior. Que maravilha!!!

E se fosse na Tailândia? É, a Tailândia não é aqui. Lá manifestantes estão em pé de guerra com um governo corrupto - nem um pedaço da história noir que temos aqui. Romperam cordões de isolamento, acabaram com encontro de líderes e espancaram assessores do atual governo acusados de corrupção. Como temos um estado democrático de direito, nós, os civilizados gaúchos, esperamos pacientemente que a justiça seja feita dentro de nossos tribunais, mas não dentro de nossas cadeias! Algemas,então... que indigno! Já a oposição estadual perdoa o injustificável, calculando o "desgaste" da atual administração, sabendo que, com isso, as suas chances na próxima eleição serão maiores... Dá para diferenciar!?

A polêmica do vestibular unificado

Ainda não tenho opinião formada sobre a unificação dos vestibulares. Abaixo pesagem de prós e contras pelo Adolfo Sachsida:

Contras

Infelizmente a idéia de unificar o vestibular esconde um truque: dá poderes demais para quem elabora as questões do vestibular. Dada a tremenda influência ideológica que tem caracterizado diversos livros de história e geografia, creio que unificar o vestibular irá apenas potencializar o efeito nocivo da ideologia na educação. Com um vestibular unificado um professor honesto será obrigado a ensinar ERRADO a seus alunos. Afinal, ele deverá ensinar a seus alunos a passarem no vestibular. Se quem elabora o vestibular tem um viés ideológico, então um professor honesto (que tenta maximizar a chance de seus alunos serem aprovados no vestibular) deverá levar em conta esse viés ao preparar seus alunos para o vestibular. Esse é o verdadeiro ardil 22: o professor que ensinar de maneira correta induzirá seus alunos ao erro no vestibular, já o professor que ensinar a ideologia (e não a disciplina) estará levando seus alunos ao sucesso.

Prós

Se a unificação do vestibular fosse semelhante ao sistema americano, então minha opinião seria outra. No sistema americano a prova unificada refere-se a RACIOCÍNIO LÓGICO, e não a matérias que podem ser impregnadas de ideologia.