terça-feira, 15 de julho de 2008

A arte retórica e a subordinação à política

Em investigação sobre os motivos que levaram Aristóteles a escrever a sua Arte Retórica, Carnes Lord aponta a subordinação da arte retórica à arte política, considerando a primeira como meramente instrumental. Nesse aspecto há grande convergência entre o pensamento de Platão e de Aristóteles. O artigo provém dos alfarrábios aristotélicos-eletrônicos de Monsieur Zilligê

Na conclusão, Lord escreve:


"A intenção última da 'Retórica' é, então, não tanto transformar a prática da retórica quanto transformar o entendimento teórico e conceitual da retórica pelo homem político. Aristóteles está preocupado sobretudo em mostrar que a retórica pode se tornar um instrumento da prudência política ou da ciência política que educa para a prudência. De fato, a arte da retórica de Aristóteles pode permitir-se incorporar elementos sofísticos moralmente questionáveis precisamente porque é finalmente ao serviço da ciência política que se encontra a preocupação central referente à educação do homem político, tanto na virtude moral, quanto naquela variedade da prudência que é inseparável da virtude moral. Neste aspecto fundamental, Aristóteles permanece, eu acredito, um autêntico intérprete da visão de Platão acerca da natureza da retórica. Pois a diferença fundamental entre a concepção sofística e a filosófica trata, não tanto da moralidade da retórica, quanto da exigência da retórica com status de uma arte autônoma ou de uma ciência. Se Platão e Aristóteles discordam acerca do caráter da ciência política à qual a retórica deve ser estar subordinada, eles possuem um acordo fundamental no tocante à necessidade de tal subordinação".

The Intention of Aristotle's 'Rhetoric'. p. 338-9. Minha (livre) tradução

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