quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

É possível mensurar a justiça?

A justiça sempre foi vista como assunto de filósofo, além de também ser assunto de economistas, juristas, sociólogos, historiadores, músicos, etc, etc, etc. Desde o seu nascimento na Grécia Antiga, a filosofia trata e tematiza a questão da justiça, sobretudo com Sócrates, imortalizado por Platão como o primeiro e genuíno amante da sabedoria. De fato, a questão da justiça ocupa a principal obra de Platão: a República, Res publica ou Politéia, também conhecido (mas hoje em dia esquecido) Da justiça. No primeiro livro, considerado por vários intérpretes como sendo uma obra originalmente diferente do restante, Sócrates lança a pergunta pelo que é a justiça. A partir de então, a pergunta pela justiça tem sido um dos pilares da filosofia política, ocupando autores tão eminentes quanto Aristóteles, na sua ética, quanto Kant, na sua Metafísica dos Costumes.
Além de se constituir uma difícil pergunta filosófica, a pergunta pela justiça também se constitui como um questão de natureza distributiva e, portanto, uma questão de natureza econômica. Nos tempos de Sócrates, quando as cidades eram menores e as sociedades mais simples, as questões distributivas eram mais claras e se podia, quiçá, apelar ao evidente e ao manifesto. Contudo, nas sociedades atuais, complexas e multifacetadas a questão da realização da justiça econômica não é tão simples. Ela exige que se mensure variadas facetas da vida econômica moderna, cujos principais elementos são intangíveis. Por exemplo: oportunidade. Sem dúvida que faz parte de um ambiente econômico sadio e de uma sociedade justa que hajam oportunidades para os mais capazes, da mesma forma que hajam oportunidades aos que têm menos. Falar em justiça econômica nas sociedades atuais não é apenas falar em renda per capita, PIB ou coeficiente de Gini, uma vez que o acesso às oportunidades constitui papel central na realização da justiça.

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