O Seminário de pesquisa do PPGE trouxe ótima palestra esta quarta-feira. O professor Marcelo Eduardo Alves da Silva apresentou um modelo econométrico macroeconômico de equilíbrio geral (muito técnico, como dá para ver), que traz resultados importantes para a compreensão da dinâmica de crescimento brasileira. Partindo dos pressupostos da teoria microeconômica tradicional, ou seja, considerando que a economia tende ao equilíbrio, que a trajetória de crescimento é dada pelo nível tecnológico e pela taxa demográfica e por choques exógenos, Silva apresenta um padrão de crescimento para a economia brasileira nos últimos 14 anos. Segundo suas conclusões, os choques que mais movimentam a economia brasileira são:
51% Produção temporária - mudanças de produtividade.
23% Choques de crescimento - mudanças institucionais.
13% Termos de intercâmbio - comércio internacional.
10% prêmio de risco - mercado financeiro internacional.
Esses dados mostram que a economia brasileira está mais próxima das 'pequenas economias abertas desenvolvidas' do que das 'economias emergentes', de modo que não estamos tão dependentes do comércio exterior, e, sobretudo, das finanças internacionais. Ou seja, esses dados fornecem bom material para explicar por que a crise de 2009 foi só uma marolinha do ponto de vista da teoria tradicional (o que, me parece, ser uma contribuição relevante para pensar o desenvolvimento brasileiro).
Outro aspecto interessante da análise é a importância dos aumentos de produtividade. Especulo que esses aumentos estão associados ao aumento da eletrificação rural (que permite o uso de máquinas, sobretudo na construção civil e agricultura), do uso de computadores e internet, em especial na administração pública (que deu saltos extraordinários de produtividade e eficiência na última década com o uso de sistemas integrados de pagamento, despesa etc) e nas ditas profissões liberais, incluindo a criação de novos setores industriais e de serviços associados ao uso da tecnologia. Outro item parece ser a universalização da telefonia móvel, tornando muito mais eficiente o setor de serviços. Esses choques tecnológicos associados a políticas governamentais como a política de compras da Petrobras e programas de distribuição de renda mostram um país que cresce com fundamentos macroecômicos sólidos segundo os padrões do mainstream.
O que mais me agradou nessas conclusões é a pouca influência do mercado financeiro nacional e internacional nos rumos da produção. Antes de decidir a taxa SELIC, o Bacen deveria olhar para a proporção desigual com que a taxa de juros atinge os diferentes setores da economia.
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