sábado, 17 de julho de 2010

O homem cordial: um ponto de partida para filosofia?

Um dos pontos altos do Diários de um filósofo no Brasil do professor Júlio Cabrera é a discussão da cordialidade como dimensão a ser resgatada e refletida do homem brasileiro. 

"Nenhuma das características mencionadas por Holanda e comentadas por Margutti exclui per se o trabalho filosófico, como se fosse possível afirmar: "Não, tu és individualista, não respeita regras, és demasiado pragmático e afetivo; portanto, não podes ser filósofo". Nenhuma das características da herança portuguesa parece excluir a possibilidade de fazer filosofia com elas. De fato, sempre somos levados por alguma influência, mas não parece mais natural e sadio enfrentar-nos com nossa herança cultural ibérica e lusitana, do que tentar trocar essa influência pela influência britânica ou alemã? Creio que filósofos brasileiros poderiam ser genuínos filósofos assumindo aquelas características, em lugar de ligá-las de maneira inerte e sem dialética com o estigma do "atraso". Margutti, pelo contrário, seguindo Holanda, parece ver no homem cordial o inimigo absoluto do filosofar, e a superação da cordialidade como o caminho certo para a modernização filosófica do Brasil. Eu não creio que seja esta a linha mais correta."

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