Abaixo, pedaço de interessante e didático texto de Desidério Murcho sobre argumentos persuasivos, oriundo do portal de filosofia em língua portuguesa Critica na Rede. Tem uma aba interessantíssima lá sobre lógica, com vários textos de primeira. Vale uma visita!
Em conclusão, nem a validade nem a solidez dão conta, por si só, da argumentação persuasiva. A validade é um conceito exclusivamente lógico; a verdade das premissas, necessária para estabelecer a solidez de um argumento, é um conceito metafísico; e a argumentação persuasiva é um conceito epistémico. Evidentemente que há relações entre os três domínios, mas confundi-los provoca incompreensões graves, nomeadamente relativas à diferença entre argumentação e explicação. Assim, o conceito de argumento bom ou forte ultrapassa o domínio estrito da lógica formal, caindo no domínio da lógica informal, tal como acontece com o conceito de falácia. Do ponto de vista estritamente lógico, da lógica formal, um argumento é válido ou inválido, sem haver lugar a falácias, que são argumentos inválidos que parecem válidos quando os agentes estão em certas condições cognitivas. O conceito de falácia é assim parcialmente psicológico. Se o conceito de falácia é ou não epistémico, como o conceito de argumento forte ou bom, é algo que deixo para segundas núpcias. Em qualquer dos casos, não é um conceito que pertença ao domínio da lógica formal; tal como o conceito de argumento bom ou forte, pertence ao domínio da lógica informal, que tem em conta as condições epistémicas dos agentes cognitivos.
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