Abaixo, palhinha da interessante crítica do Not Tupy sobre a visão que nós, os brasileiros que temos computadores, acesso à Internet e tempo para bloggar, - enfim, a elite - temos de nós mesmos. Não concordo, contudo, com a inferência feita pelo autor de sua análise para suposto uso por parte de nossos "marxistas". A inferência é inválida por vários motivos que não convém comentar aqui, mas o post Auto-etnografia faz uma análise lúcida do funcionamento de nossa dinâmica social que merece ser lido.
(...) É o classismo do Brasil, o "sabe com quem está falando?", o fato que pobres e classe-média-pra-cima se enxergarem como coisas diferentes a pior mácula da cultura brasileira. Uma chaga que está sim ligada ao racismo, mas vai além dele e é mais perniciosa que ele, pois é o que impede que os pobres sintam-se cidadãos e acreditem em ascenção social honesta, causando assim a inveja destrutiva, a criminalidade e, em última instância, o subdesenvolvimento.
É sintomático o fato de usarmos termos como "tupiniquim" e "antropofagia", fazendo graça com o suposto status selvagem do povo, do qual, por ironizarmos, nos excluímos. Essa atitude é herdeira da colônia e há muitos motivos para não ser contestada seriamente. Põe-se em jogo os interesses de nossos "barões", esses que estão muito confortáveis em seu papel de sêo-dotô-benfeitô, a imagem do nobre jogando moedas da carruagem ao povo famélico - para o que deve existir eternamente nobres e povo famélico.
Quem quer assumir o Iluminismo quando isso poderia destituir os privilégios de nossas castas dos políticos, funcionários públicos, intelectuais e artistas?
(...) Mais
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